Em outubro, foi descoberto que logins da Polícia Rodoviária Federal (PRF) eram vendidos aos montes em grupos de mensagens pela internet. Por R$ 200, qualquer pessoa poderia comprar o acesso aos sistemas do órgão policial e acessar dados de qualquer veículo, além de visualizar informações sobre multas, dados pessoais sensíveis, troca de emails realizadas por agentes policiais, realizar a liberação de veículos recolhidos em pátio, abertura de boletins de ocorrência e até aplicar multas para qualquer cidadão que tenha um carro, moto ou caminhão.

Por meio de novos documentos recebidos por um agente anônimo da PRF, a área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) pouco fez para resolver a questão, inicialmente. Além disso, que o agente anônimo, após consultas internas aos servidores da área de TIC, foi informado de que hackers tiveram sucesso ao acessar o sistema DPRF SEGURANÇA, área na qual podem ser encontradas todas as senhas dos servidores da Polícia Rodoviária — ou seja, expondo completamente o sistema.

Para conter a possível invasão e realizar a troca de senhas, a Polícia Rodoviária Federal deixou seus sistemas offline e implementou acessos específicos via VPN. Ainda não se sabe se os sistemas continuam fora do ar.

Há aproximadamente 15 dias, todos os sistemas da PRF que funcionavam via web foram retirados de funcionamento

“Deu-se muito crédito ao uso do email corporativo por parte de servidores à sítios que puderam ser invadidos, tendo como consequência o acesso de hackers aos dados funcionais ali registrados, porém o problema na PRF foi bem maior”, disse o servidor. “Há aproximadamente 15 dias, todos os sistemas da PRF que funcionavam via web foram retirados de funcionamento através da internet, sem qualquer explicação plausível para tal”.

A falha que expôs todas as senhas não foi detectada pelo departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação, de acordo com a fonte. A falha, na verdade, foi descoberta por outra área interna da Polícia Rodoviária, conhecida como “CIBER”.

 

 

Em um memorando recebido, o aviso divulgado corrobora o que foi dito pela fonte: “a solução encontrada pelo Coordenador-Geral de TIC da PRF foi parar todos os sistemas através da internet por um prazo mínimo de 3 dias”.

No memorando recebido, assinado por Wanderley José Silva Júnior, coordenador de TIC na PRF, é possível ler o seguinte comunicado:

  • “A Coordenação-Geral de Tecnologia da Informação e Comunicação – CGTIC, informa que no dia 12 de novembro de 2018, a partir das 20:00h (Horário de Brasília), todos os sistemas e aplicações da Polícia Rodoviária Federal estarão indisponíveis para acesso externo, com uma previsão de restabelecimento e normalização dos serviços em até 03 (três) dias úteis:

  • 2. Informamos ainda que todas as aplicações e sistemas somente estarão disponíveis quando acessadas pela rede interna da PRF (Superintendências, Uops e Delegacias);

  • 3. Visando a adoção de medidas de Segurança da Informação, todas as senhas de acesso serão “resetadas”, ensejando a necessidade de contactar os Núcleos de Tecnologia da Informação – Nutics de cada Regional para o cadastramento de novas senhas”.

Acompanhe abaixo o memorando

 

Polícia no escuro?

É um cenário fácil de se imaginar quando a empresa que você trabalha ou a faculdade que você estuda acaba ficando com os serviços online inacessíveis. Quanto dinheiro é perdido neste tempo? Agora, um órgão policial no escuro pode tornar a vida não só servidores um caos, mas também da própria população dependente.

Os prejuízos de ficar offline

“Filas foram formadas na porta dos núcleos de TIC da Sede em Brasília e dos estados, pois os servidores tinham que receber uma senha temporária fornecida por eles, para depois, através da Rede de Dados Interna da PRF, entrar no DPRF Segurança e trocar suas senhas de acesso aos sistemas, seja através do CPF ou email funcional. Um caos”, relatou o servidor anônimo. “Em qualquer empresa privada, se a área de TI ficasse fora por apenas um dia, o prejuízo ao trabalho e a imagem, além dos prejuízos financeiros seriam terríveis. Imagine então um órgão policial, como a PRF, que lida diariamente com os cidadãos, além do combate à criminalidade e ainda executa arrecadação através das notificações de trânsito”.

Com os sistemas inacessíveis, os principais prejudicados — ao lado da população que teve que se locomover para as unidades da PRF para retirar boletins de acidentes — são os policiais nas estradas.

“Os maiores prejudicados foram os policiais nas estradas. Os sistemas, essenciais ao trabalho policial, só funcionam na rede corporativa da PRF com acesso externo apenas através de VPNs, que são fornecidas individualmente aos servidores que procuraram os Núcleos de TIC”, comentou o servidor.

 

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